O relacionamento na amizade

O relacionamento na amizade

A amizade é um tipo de relacionamento muito interessante. Não é possível sermos amigas de todos(as), tampouco desejamos a amizade de todos(as). A amizade é caracterizada por uma relação diferente do mero coleguismo e, também, das tantas outras interações e ligações que desenvolvemos ao longo da vida.

Na amizade há um carinho especial pela outra pessoa, a união é marcada por laços de afinidade, confiança e companheirismo. Importante ressaltar que nem sempre o relacionamento de amizade se constrói com pessoas que possuam os mesmos gostos e/ou traços de personalidade que os nossos. Quando penso em minhas amigas mais próximas noto que com cada uma existe um vínculo de relacionamento singular. Por exemplo, existem aquelas que gostam de ler como eu, outras que gostam de viajar tanto quanto eu, outras que amam cozinhar ou comer da mesma forma que eu, mas o que nós todas gostamos é de passarmos um tempo juntas conversando. 

A amizade se constrói lado a lado, compartilhando, chorando, rindo, relembrando, comendo e andando. O relacionamento na amizade é firmado ao longo do tempo enquanto dividimos a vida e criamos confiança e intimidade. Uma amizade não se forma do dia para a noite porque ninguém constrói esse vínculo rapidamente. Portanto, uma amizade surge depois de meses e, se solidifica ao longo de anos.

Porém, você já se perguntou o motivo pelo qual Deus criou a amizade? Por que Deus nos fez pessoas que precisam de amigos?

Particularmente tenho a tendência de enxergar um objetivo pedagógico em tudo (sim, eu sou professora). O maior Professor e Mestre transforma conceitos abstratos em algo simples e concreto para que possamos entender com mais clareza. Em outras palavras, Deus criou a amizade entre seres humanos porque esse é um tipo de relacionamento que precisamos cultivar com Ele, porém num nível muito mais profundo. Isso quer dizer que Deus almeja que tenhamos com Ele o desejo de estar junto, rir, chorar, relembrar, enfim, dividir a vida num relacionamento pautado em confiança e intimidade. Esse é o propósito da amizade. O que fazemos no plano terreno e humano é um mero reflexo do que precisamos no plano espiritual.

Na Bíblia encontramos vários exemplos de amizade e, sem dúvida, a de Davi e Jônatas é o que sempre vem à mente. Mas, nesse texto, vou ressaltar o que tem sido o meu modelo e anseio de amizade. Trata-se do relacionamento de amizade entre Deus e Moisés. Acho fascinante como os dois se relacionavam, especialmente depois que Deus libertou o povo de Israel da escravidão no Egito sob a liderança de Moisés. O ápice da profundidade desse relacionamento entre os amigos – Deus e Moisés – está apresentado no capítulo 33 do livro de Êxodo:  

O Senhor disse a Moisés: Ponha-se a caminho, junto com o povo […] Moisés costumava montar uma tenda fora do acampamento, a certa distância dele, e a chamava de tenda da reunião. […] Sempre que Moisés se dirigia a essa tenda todo o povo se levantava e permanecia em pé, cada um junto à entrada de sua própria tenda. Observavam Moisés até ele entrar na tenda. […] Ali o Senhor falava com Moisés face a face, como quem fala com um amigo. Depois Moisés voltava ao acampamento, mas seu jovem auxiliar Josué, filho de Num, ficava na tenda. Então Moisés disse ao Senhor: Tu me ordenaste: Leve este povo, mas não disseste quem enviarias comigo. Declaraste: Eu o conheço pelo nome e me agrado de você. Se é verdade que te agradas de mim, permita-me conhecer teus caminhos para que eu te conheça melhor e continue a contar com teu favor. […] O Senhor respondeu: Acompanharei você pessoalmente e lhe darei descanso. […] Moisés disse: Então peço que me mostres tua presença gloriosa. O Senhor respondeu: Farei passar diante de você toda a minha bondade e anunciarei diante de você o meu nome, Javé.” (Trecho parcial de Ex 33.1-19 – NVT – grifo meu). 

Nesse trecho observamos algumas características do relacionamento de amizade entre Deus e Moisés. Primeiro, eles tinham um momento e um local (tenda da reunião) onde estavam somente os dois e podiam conversar abertamente, ou seja, abrir o coração um para o outro. Observe o diálogo, ambos falavam. Segundo, era uma amizade, um relacionamento que impactava outras pessoas, tanto o povo quanto Josué notavam a profundidade e seriedade dessa amizade. Terceiro, os amigos viviam experiências que eram só deles e isso fortalecia ainda mais o relacionamento.

A partir desse modelo de amizade é possível estabelecermos duas aplicações para nossas vidas. Uma se refere ao tipo e nível de amizade que precisamos desenvolver com nosso Deus. É necessário separarmos tempo para que Deus nos fale por meio de sua Palavra e do Espírito Santo que nos capacita a compreendê-la. E, também, devemos conversar com Deus por meio da oração. A segunda aplicação se dá na extensão dessa nossa amizade com Deus. A partir da qual saberemos cultivar bons relacionamentos de amizades com outras pessoas. Um vínculo profundo de ajuda e crescimento mútuos para que não mais tenhamos relacionamentos superficiais de coleguismo com conversas rasas onde não há confiança e intimidade.

Concluindo, amizade é algo sério e precisamos avaliar como temos construído nossas amizades, tanto no plano espiritual quanto no terreno, especialmente no Corpo de Cristo. Talvez por medo de que as pessoas descubram que somos falhas nós estejamos nos fechando para amizades profundas com outros cristãos. Esse tipo de atitude é pecaminosa e não contribui para nossa santificação. Que nosso Senhor nos ajude a criarmos relacionamentos de amizade que sejam reflexo de nossa amizade com Deus.              

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